“Quando esse ou aquele companheiro se nos distancia, deixando-nos a sós na Seara do Bem, habitualmente a nossa reação inicial é de choque e desagrado.
Recordamos para logo os votos em comum, as
atividades partilhadas, as esperanças e os sonhos das horas primeiras...
Entretanto, embora devamos resguardar
intacto o amor por eles, não é o sentimento negativo de amargor ou censura que
a vida espera de nós outros, nessas circunstâncias.
É preciso entendê-los e acatá-los, antes
de tudo. Lembrá-los no bem que nos fizeram, nas luzes que acenderam. E, ante a
ausência, considerar as possíveis razões que a ditaram.
Esse se viu defrontado por obstáculos que
não logrou vencer; aquele entrou a experimentar a enfermidade complexa; outro
não achou em si a força necessária para garantir a própria esperança, e outro
ainda passou imperceptivelmente a faixas de obsessão oculta. E se integramos
determinada equipe de trabalho, como condenar os companheiros doentes ou acidentados
em serviço?
Claro que, em se verificando isso, nos
cabe o dever de entregá-los a organizações capazes de restaurá-los, e continuar
trabalhando, substituindo-os, quanto nos seja possível, na empresa em
andamento.
Diante dos amigos que nos deixam nas frentes
da luta edificante, procuremos honrá-los e abençoá-los com os nossos melhores
pensamentos de carinho e de gratidão. E reconhecendo, acima de tudo, que nos
achamos todos submetidos à Sabedoria e à Misericórdia do Senhor, compete-nos a
obrigação de compreender-nos e auxiliar-nos, uns aos outros, em quaisquer
circunstâncias, na certeza de que, se o Senhor nos permite a mudança de
atividade quando assim desejamos - e já nos achamos credenciados para colaborar
com ele, nas construções do Evangelho -, isso se verifica a fim de que aprendamos,
na escola da experiência, a servi-lo na Obra de Redenção e Aperfeiçoamento do
Mundo, sempre mais, e melhor.”
Rumo Certo – 17.
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Senhor Jesus!
Por nossa própria
imprevidência,
Embora a evolução que nos
reveste,
O sofrimento áspero,
profundo,
Invade, canto a canto, os
distritos do mundo
E espalha o pranto e
sombra ante o esplendor celeste.
Avança a Terra pelo
espaço afora,
Carregando conquistas
Que lhe garantem plena
exaltação.
Máquinas jamais vistas
Efetuam serviços
colossais;
Satélites, além, na rota
em que se vão,
Oferecem notícias e
sinais.
Computadores poupam
energias
Ou se fazem vigias
De caminhos e forças
siderais.
E o homem, desde os céus
ao subsolo,
Leva o próprio domínio
polo a polo.
Entretanto, Senhor!
Em todos os lugares,
Há quem se desconforte,
No imenso festival de riqueza e cultura,
Transportando consigo a vocação da morte,
De coração cansado, ante
a vida insegura.
Destacamos, Jesus, os que
caem de tédio,
Que gastaram o tempo e o
corpo sem proveito,
E são hoje doentes quase
sem remédio
Na angústia sem razão que
lhes oprime o peito.
Falamos dos que morrem na
saudade,
Dos corações queridos que
partiram
Para a imortalidade,
E tateiam chorando, ante
a Vida Maior,
Vasos de cinza e pedra em
derredor
Das lágrimas que
vertem...
Falamos dos drogados,
Dos que largaram de
servir,
Dos que se dizem
desesperançados
Ante a luz do porvir;
Dos que afirmam que a fé
Hoje se guarda apenas em
museus,
E proclamam, gritando
desenfreados,
Que a ciência na Terra é
a derrota de Deus.
É por isto, Senhor, que
nós Te suplicamos :
Não nos deixes temer o
vozeirão das trevas ;
Da Infinita Bondade a que
Te elevas,
Concede-nos a força da
humildade
De modo a trabalharmos,
dia-a-dia,
Em Teu reino de luz e de
verdade.
Ajuda-nos, Senhor,
A esquecer-nos, a fim de
acompanhar-Te,
Cooperando Contigo em
qualquer parte.
Acolhe-nos no amor com
que nos guardas,
Na condição de servos
teus.
Porque, apesar de sermos
pequeninos,
Encontramos, Senhor, em
Teus ensinos,
A presença de Deus.
Maria Dolores
Amanhece – 4.
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