“Padre. — A religião ensina tudo isso; até agora foi suficiente; qual é hoje a necessidade de uma nova doutrina?
Allan Kardec — Se a religião
ensina o bastante, por que há tantos incrédulos, religiosamente falando?
Ela prega, é verdade; ela nos manda crer,
mas há muita gente que não crê por simples afirmação. O Espiritismo prova e faz
ver o que a religião ensina em teoria. Além disso, donde vêm essas provas? Da
manifestação dos Espíritos.
Ora, é provável que os Espíritos só se
manifestem com o consentimento de Deus; se, pois, Deus em sua misericórdia
envia aos homens esse socorro para afastá-los da incredulidade, é uma impiedade
repeli-lo.”
O Que é o Espiritismo - 57.
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“Não é novo, dizem alguns, o dogma da reencarnação; ressuscitaram-no da doutrina de Pitágoras. Nunca dissemos ser de invenção moderna a Doutrina Espírita. Constituindo uma lei da Natureza, o Espiritismo há de ter existido desde a origem dos tempos e sempre nos esforçamos por demonstrar que dele se descobrem sinais na antiguidade mais remota. Pitágoras, como se sabe, não foi o autor do sistema da metempsicose; ele o colheu dos filósofos indianos e dos egípcios, que o tinham desde tempos imemoriais. A ideia da transmigração das almas formava, pois, uma crença vulgar, aceita pelos homens mais eminentes. De que modo a adquiriram? Por uma revelação, ou por intuição? Ignoramo-lo. Seja, porém, como for, o que não padece dúvida é que uma ideia não atravessa séculos e séculos, nem consegue impor-se a inteligências de escol, se não contiver algo de sério. Assim, a ancianidade desta doutrina, em vez de ser uma objeção, seria prova a seu favor. Contudo, entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação, há, como também se sabe, profunda diferença, assinalada pelo fato de os Espíritos rejeitarem, de maneira absoluta, a transmigração da alma do homem para os animais e reciprocamente.
Portanto, ensinando o dogma da pluralidade
das existências corporais, os Espíritos renovam uma doutrina que teve origem
nas primeiras idades do mundo e que se conservou no íntimo de muitas pessoas,
até aos nossos dias. Simplesmente, eles a apresentam de um ponto de vista mais racional,
mais acorde com as leis progressivas da Natureza e mais de conformidade com a
sabedoria do Criador, despindo-a de todos os acessórios da superstição.
Circunstância digna de nota é que não só neste livro os Espíritos a ensinaram
no decurso dos últimos tempos: já antes da sua publicação, numerosas
comunicações da mesma natureza se obtiveram em vários países, multiplicando-se
depois, consideravelmente. Talvez fosse aqui o caso de examinarmos por que os
Espíritos não parecem todos de acordo sobre esta questão. Mais tarde, porém, voltaremos a
este assunto.”
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